Alto escalão de JHC fica de fora das articulações políticas

Nos bastidores, nem os mais envolvidos no caso sabem de muita coisa. Apuração do EXTRA com fontes do alto escalão da articulação municipal afirmam: “Todo dia é novidade, uma fofoca política diferente, sendo que nem nós estamos cientes, por enquanto, do futuro” — sobre a possível candidatura ou não de JHC ao Governo de Alagoas ou ao Senado.

Enquanto aliados mais próximos dão como certa a candidatura de JHC ao governo estadual, Renan Calheiros (MDB) se movimenta para emplacar outro cenário. Por meio de uma reaproximação com João Caldas, pai do prefeito, o senador tenta articular uma dobradinha para o Senado com JHC e, assim, abrir caminho para que Renan Filho retorne ao Governo de Alagoas em 2026.

A incerteza cresceu após a exoneração do secretário de Educação de Maceió, Victor Braga. A decisão, publicada em edição extraordinária do Diário Oficial, expôs um desconforto entre o prefeito João Henrique Caldas (PL) e Arthur Lira (PP), seu principal aliado político em Alagoas.

“Tem muita gente sabendo de tudo e de nada ao mesmo tempo. Ainda não batemos o martelo sobre muitas das questões discutidas e que eles \[oposição] dão como certas.”

Braga ocupava o cargo desde junho de 2023, quando substituiu Jó Pereira, aliada histórica e prima de Lira. À época, foi tratado como um gesto de composição entre os grupos. Agora, sua saída é lida por interlocutores como um movimento de ruptura, ainda que não declarado, com o grupo do deputado.

Para o lugar de Braga, JHC nomeou Luiz Rogério Neves Lima, que já havia ocupado a função. A troca foi interpretada como um o do prefeito para recuperar o controle da pasta e se afastar de nomes ligados diretamente a Lira. Não foi a única mudança na equipe nas últimas semanas.

Apesar da tensão, Arthur Lira mantém publicamente o apoio a JHC. 

“As forças políticas de oposição estão unidas em torno da candidatura do prefeito JHC ao governo do Estado de Alagoas”, afirmou sua assessoria. A frase tenta conter especulações e reafirmar a aliança.

Fontes próximas a JHC dizem que a intenção é manter a independência nas articulações, mas há pressão crescente de ambos os lados. A exoneração de indicados por Lira e a possibilidade de novas mudanças indicam que a relação entre os dois líderes a por reavaliação.

O entorno do prefeito acredita que Lira tenta condicionar a indicação de Marluce Caldas, tia de JHC, ao STJ como moeda de troca nas articulações para 2026. A vaga, que depende de decisão do presidente Lula, se tornou foco de disputa indireta entre os dois, com impacto no ritmo das nomeações e no futuro da aliança.

Enquanto isso, JHC evita declarações sobre o tema. Internamente, fala-se em possível mudança de partido — do PL para siglas como PSB ou PSD — com alinhamento à base do presidente Lula. A estratégia abriria espaço para um pacto com o Planalto, com impacto local e nacional.

A movimentação acontece em paralelo ao elogio feito por Renan Calheiros a JHC, o que gerou desconfiança no grupo de Lira. Para aliados do deputado, o gesto foi interpretado como tentativa de atrair o prefeito ou de criar ruídos dentro dos blocos políticos adversários.